O porta-voz é um profissional valorizado em situações de crises, pois lhe cabe dar a posição oficial sobre temas importantes no decorrer de uma crise.
Recordemos que numa crise a credibilidade e a reputação exigem resposta pública, quer de governantes quer de presidentes de empresas.
É aqui que o porta-voz se torna muito importante, pois é uma forma mais segura de responder às perguntas de jornalistas e, assim, evitar que se instale o silêncio que, além de constrangedor, permite especulações que dificultam a gestão das crises.
Esta é uma das muitas razões de o governo dos EUA, por exemplo, sempre contar com um porta-voz, especialmente nas crises, mas também para dar a versão depois de encontros entre presidentes.
Quando estivemos no Gabinete de Crises da Presidência da República, tivemos oportunidade de nos valer de pronunciamentos dos porta-vozes de Fernando Henrique Cardoso (em que três diplomatas se sucederam) e de Lula (nos dois primeiros mandatos), para comunicações oficiais que nos ajudaram muito a dar transparência ao gerenciamento e a reduzir tensões em situações de crises.
Exemplo em nossa história nesse sentido foi o de Antônio Brito, porta-voz do presidente Tancredo Neves, comunicando a morte do presidente eleito e toda a transição que se seguiu até a sucessão pelo vice-presidente da chapa, José Sarney.
No Brasil, o último a exercer a função de porta-voz na Presidência foi o general Rego Barros, ao início do governo Bolsonaro.
Foi, portanto, gerenciando crises no mais alto nível governamental que aprendemos a respeitar e a valorizar a função do porta-voz e, inclusive, tivemos oportunidade de elencar alguns atributos que levaram esse profissional a ser bem-sucedido:
- estar sempre acessível;
- não cair na armadilha de falar sobre hipóteses;
- valer-se de um especialista para assuntos técnicos;
- usar linguagem simples, sem jargão;
- não usar linguagem negativa ou recorrer ao “nada a comentar”;
- manter a calma;
- ter conhecimento da crise e de suas causas;
- exercer o compromisso com a verdade, evitando desmentidos;
- compreender a mídia e outros públicos e
- saber conciliar razões da Comunicação e do Jurídico.