Cunha Couto

Gestor de Crises

A fome que está matando em Gaza

CCBlog313

Em poucos dias, 111 pessoas morreram por inanição — entre elas, 80 crianças, segundo dados publicados pelo Ministério da Saúde do território palestino. Esses dados nos revelam a face mais cruel do prolongado cerco imposto a Gaza.

Em vista disso, mais de cem organizações humanitárias, entre elas Médicos Sem Fronteiras, Save the Children e Oxfam, divulgaram um manifesto conjunto alertando que “a fome em massa se espalha pela Faixa de Gaza”. O documento responsabiliza o bloqueio israelense pela escassez extrema de alimentos e exige ações urgentes para salvar a população civil.

O apelo dessas entidades soma-se à pressão internacional: recentemente, 30 países — incluindo França, Reino Unido, Japão, Austrália e Suíça — assinaram também um documento pedindo o fim imediato da guerra e condenando a recusa israelense em permitir assistência humanitária suficiente.

Paralelamente, a ONU relatou a morte de mais de mil pessoas nos arredores de pontos de distribuição de alimentos apenas nos últimos dois meses, a maioria atingida por disparos de soldados israelenses.

Israel, por sua vez, afirma que as ações militares tentam impedir o desvio de suprimentos pelo Hamas e rejeita qualquer responsabilidade pela crise alimentar. No entanto, continuam controlando o fluxo de comida, de água e de remédios, criando um cenário onde a sobrevivência básica da população civil é colocada em risco.

Há, pois, um cerco humanitário silencioso e o emprego da fome como arma de guerra.

É inaceitável, contudo, que, em pleno século XXI, crianças morram de fome sob os olhos do mundo.

A segurança de um Estado jamais pode ser construída sobre a desumanização de outro povo. A comunidade internacional precisa agir com firmeza para garantir acesso irrestrito à ajuda humanitária em Gaza e para responsabilizar aqueles que usam o sofrimento como instrumento de controle.

A fome, portanto, é uma denúncia viva de nossa omissão coletiva.

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