Cunha Couto

Gestor de Crises

Crise Ucrânia X Rússia: o ressuscitar da arma nuclear tática?

CCBlog0034

Há 60 anos, em 17 de julho de 1962, os Estados Unidos realizaram a sua última explosão nuclear de superfície, em Nevada.

A ogiva escolhida para a explosão experimental fazia parte dos estoques norte-americanos e recebeu o codinome de Little Feller I. Tratou-se de um explosivo nuclear tático, o menor do arsenal atômico dos EUA.

O Little Feller I era disparado de um lançador estacionário de 155mm com explosão entre 6 e 12 metros acima do solo e a uma distância de 2,7 km do ponto de lançamento. A sua carga explosiva correspondia a 18 toneladas de TNT.

O teste foi visto por militares de todos os setores das forças armadas dos EUA, além de contar com a presença de 12 assessores do Presidente John Kennedy, entre os quais seu irmão Robert Kennedy, então ministro da Justiça.

Eis que, em 2022, uma das ameaças da Rússia contra a investida da OTAN e dos EUA na Ucrânia é justamente o emprego dessa arma.

O que querem dizer armas nucleares táticas ou armas nucleares de uso tático? São armas nucleares de curto alcance e de pequeno poder explosivo, geralmente na faixa de 0,5 a 5 kilotons.

Mesmo com poder explosivo reduzido estas armas têm efeito radioativo, o que sempre motivou grandes críticas internacionais.

Seu emprego é considerado versátil, pois vai além de uso contra alvos terrestres, como tropas, blindados e bases militares.

Também podem ser empregadas como ogivas de cargas de profundidade nucleares, para uso antissubmarino, a grandes profundidades.

A Argentina sempre acusou a Inglaterra de ter utilizado cargas de profundidade nucleares durante a Guerra das Malvinas, o que continua sendo negado pelo governo britânico, que apenas admitiu ter deslocado tais armas para o cenário de conflito.

Durante a Guerra Fria, essa arma nuclear chegou a ser usada como ogiva em mísseis ar-ar pelas Forças Armadas dos Estados Unidos e da então URSS para destruir bombardeiros nucleares adversários.

Depois das nucleares táticas, também com grande poder de destruição, surgiram as armas de energia direta e as termobáricas.

As primeiras são armas convencionais que produzem pulsos eletromagnéticos ou grande quantidade de calor e pressão,o que provoca uma descarga eletromagnética capaz de danificar equipamentos eletrônicos, como os de comunicação e os de computação, em áreas pequenas.

Quanto às bombas termobáricas, estas, mesmo sendo armas convencionais, produzem poder de destruição equivalente a entre 5 e 11 kilotons. A Rússia já utilizou armas termobáricas contra bunkers subterrâneos na Chechênia, e os Estados Unidos utilizaram armas termobáricas no Afeganistão e no Iraque.
São, todas elas, armas de destruição que servem à estratégia de dissuasão, neste mundo tão em crise.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *