Há um enorme desafio entre o império do crime organizado e os Direitos Humanos.
Na manhã de 28 de agosto de 2025, o Brasil testemunhou a Operação Carbono Oculto, uma das maiores ofensivas já realizadas contra o crime organizado. Foram mobilizados 1.400 agentes em oito estados, com bloqueio de R$ 1 bilhão em bens. O Financial Times revelou que o PCC movimentou, entre 2020 e 2024, cifras bilionárias por meio de combustíveis, fintechs e fundos de investimento – um verdadeiro conglomerado empresarial do crime, camuflado sob a legalidade.
Criado em 1993, no presídio de Taubaté, o PCC nasceu, com razão, sob o discurso de defender os direitos dos presos, mas logo se tornou um Estado paralelo. Com tribunais internos, aparato militar e controle econômico, expandiu-se para além das fronteiras nacionais. A ausência de políticas públicas eficazes, o sucateamento das prisões e a demora em ações de inteligência permitiram que a facção se consolidasse como um poder alternativo.
Em paralelo, o Comando Vermelho tenta recuperar influência, avançando para o interior paulista e acirrando a rivalidade entre as duas organizações. O resultado dessa guerra é visível nas ruas e nas favelas, onde o Estado responde com força letal. A recente Operação Contenção, no Rio de Janeiro, deixou 121 mortos – a maioria jovens negros e pobres. O governo estadual alegou “violência proporcional”, mas a ONU expressou grave preocupação com o padrão de execuções e a ausência de investigações independentes.
A crença de que os direitos humanos são obstáculo à segurança pública é uma perigosa distorção. A barbárie travestida de “combate ao crime” apenas perpetua o ciclo da violência. Direitos humanos não são concessão a criminosos, mas salvaguarda de todos os cidadãos diante do abuso de poder.
Portanto, a verdadeira segurança não se conquista com corpos no chão, mas com justiça, prevenção e respeito à dignidade humana – fundamentos de qualquer Estado que se pretenda civilizado.