Incapacidade Policial em Grandes Protestos
Os recentes protestos nos Estados Unidos contra as políticas migratórias do governo Trump evidenciaram um problema recorrente: a incapacidade das forças policiais locais de lidarem com grandes manifestações públicas.
Conforme aponta o amigo e ex-Secretário Nacional de Segurança Pública, José Vicente, a organização policial municipal norte-americana não dispõe de contingente e estrutura adequados para esse tipo de situação. Já as unidades especiais, como as SWAT, são orientadas para ações táticas de alto risco, e não para o controle de multidões.
Respostas Insuficientes e Desastrosas
Eis que, ao deslocar agentes do policiamento ordinário para os protestos, a resposta, por vezes, se revela insuficiente e desastrosa.
Um exemplo emblemático ocorreu em 1999, quando uma manifestação significativa contra a Organização Internacional do Trabalho (OIT) nos Estados Unidos ficou conhecida como a Batalha de Seattle. Mais de 40 mil pessoas tomaram as ruas durante esse protesto, enquanto menos de mil policiais locais estavam disponíveis para manter a ordem. A falta de efetivo levou ao caos na cidade, resultando na prisão de mais de 500 manifestantes já no primeiro dia.
O Papel da Guarda Nacional e das Forças Armadas
A Guarda Nacional foi então acionada, mas sua falta de preparo para lidar com grandes aglomerações emergiu como um problema sério. O uso das Forças Armadas, reservado para situações extremas, foi considerado inadequado para o policiamento civil, pois tende a aumentar tensões e expõe a ausência de treinamento específico para esse tipo de operação.
O Modelo Brasileiro como Exemplo
Em contraste, o modelo brasileiro de polícias militares estaduais, com unidades especializadas em controle de distúrbios (como os batalhões de choque), parece demonstrar maior capacidade de resposta.
A Estrutura Policial na Índia
Na Índia, com polícias estaduais, há ainda guardas nacionais dedicadas a enfrentar desafios em fronteiras ou crises que superam a capacidade local. Assim, quanto maior a abrangência territorial e a capacidade de articulação de forças, maior a eficácia na resposta a eventos de grande impacto.
A Urgência de um Novo Modelo de Segurança Pública
É, pois, importante que países com estruturas policiais fragmentadas repensem seu modelo de gestão da ordem pública. A crescente complexidade das manifestações modernas exige preparo técnico e protocolos claros.
Reprimir não é o mesmo que controlar, e improvisar não pode ser política de segurança.