Após a saída dos EUA no apoio militar à Ucrânia contra a Rússia, a Europa busca rearmar-se com planos bilionários.
Segundo artigo de Stephen Bryen, a UE propôs um Plano de Rearmamento da Europa que arrecadaria mais de € 800 bilhões para a Defesa, e a Alemanha aprovou uma legislação que compromete € 1 trilhão para o setor de defesa. O que está por trás disso?
Qualquer plano para impulsionar os gastos com Defesa precisa de justificativa estratégica compreensível. Ou seja, que tipo de forças são necessárias para a defesa europeia? Frente a que ameaças? Quais setores exigem o maior investimento?
Ainda mais na Europa, esses gastos com Defesa irão se contrapor aos de bem-estar, sempre reivindicados pelos europeus.
Segundo Bryen, no cerne do atual planejamento militar europeu está a ideia de que fábricas civis podem ser convertidas para produzir armamentos, como tanques e veículos de combate blindados.
A proposta toma como exemplo o que ocorreu na Segunda Guerra Mundial, quando os EUA interromperam a maior parte da fabricação de automóveis e a converteram para a Defesa. A produção, então, dos EUA foi surpreendente: 297.000 aeronaves; 86.000 tanques e dois milhões de caminhões. Hoje, os EUA produzem apenas 250 caças por ano.
Apesar de reconhecer ser em outro contexto, essa ideia tentou ser promovida pelo governo da Itália, buscando pressionar a Stellantis a produzir equipamentos de defesa em suas fábricas de automóveis, alegando que, em 2024, produziu menos de 500.000 veículos comerciais (Fiat mais Alfa Romeo, Maserati e Lancia) em comparação com 751.000 em 2023.
Porém, o presidente da Stellantis, John Elkann, rejeitou essa demanda do governo, dizendo que sua empresa não acreditava “que o futuro do carro é a indústria de defesa”.
Além disso, uma consequência de mais equipamentos militares é que mais tripulações serão necessárias e mais apoio de manutenção será exigido. E como na Europa o recrutamento não é obrigatório, não será fácil aumentar o número de militares nas forças da Europa.
E, até aqui, não se está falando de navios ou de aeronaves de guerra, que levam décadas para projeto, construção e operacionalização.
Portanto, o modelo da Segunda Guerra Mundial não parece aplicável aos dias de hoje.