Cunha Couto

Gestor de Crises

Novas tecnologias nas atuais guerras

CCBlog217

No momento, perduram, entre outros conflitos, as guerras entre Ucrânia e Rússia e a regional no Oriente Médio (Israel x Hamas; Houthis do Iêmen; Hezbollah no Líbano; e Irã).
Ambas trouxeram novidades tecnológicas que estão levando a refletir sobre em que medida impactarão a segurança coletiva e influenciarão a adequação do pensamento operacional de emprego militar e civil.

No embate russo-ucraniano, há grande emprego de drones, aéreos e navais, uma tecnologia já dominada por vários países.Diferente da aviação militar tradicional, essa tecnologia possibilita diferentes tipos de ataques, que variam em alcance e capacidade ofensiva, mas são muito mais baratos do que os realizados com uma aeronave convencional e com a vantagem de não arriscar a vida de pilotos. Até mesmo drones de menor porte, atuando em grande número e em conjunto, são uma tendência para saturar sistemas de defesa aérea. O Irã empregou essa tática de enxame contra Israel, porém com 181 mísseis.

Na outra guerra, o serviço de inteligência de Israel criou uma empresa de fachada para vender pagers, com explosivos instalados, ao Líbano para o Hezbollah. A inteligência israelense viu uma oportunidade quando o líder do Hezbollah decidiu expandir o uso desses equipamentos para evitar a comunicação por celulares, já que o uso de pagers tinha a vantagem de evitar a detecção e a escuta de seus militantes. Houve, ainda, uma nova onda de explosões de rádios VHF e de walkie-talkies, interrompendo a comunicação e o controle pelas lideranças do Hezbollah. É claro que essas operações contaram com levantamento de inteligência, pois sabiam quem eram e onde estavam esses líderes.

Contudo, há consequências para além do uso militar.

A operação dos pagers visou o Hezbollah, mas poderá ser usada para outros objetivos, nem todos controláveis. Lembremo-nos de que, desde os ataques de 11/9/2001 às Torres Gêmeas em Nova York, há preocupação com o embarque de explosivos em voos domésticos e internacionais.

Esses voos não estão, agora, ameaçados pelo transporte de laptops, celulares e tablets por seus passageiros?

Outro aspecto está no que vem sendo implantado nos programas de informática. Os EUA anunciaram que querem proibir softwares e componentes chineses e russos em carros, caminhões e ônibus vendidos ao país. A medida visa impedir que os governos desses países tenham acesso a informações por meio da direção autônoma e da conexão a redes externas de veículos nas estradas americanas, vistos como um risco à segurança e à privacidade dos cidadãos dos EUA.

As novas tecnologias, portanto, nos fazem pensar além do uso militar e nas consequências para o nosso dia a dia.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *