Cunha Couto

Gestor de Crises

O tempo de decisão em uma crise

CCBlog208

Há um aspecto muito interessante na tomada de decisão em alto nível: o tempo e seu emprego estratégico!

O tempo, em situações de crise, não pertence inteiramente ao decisor, mas somente ele dará a palavra final, no momento que julgar correto, no seu tempo político. Para isso, ele precisa gerenciar a crise com três noções que têm a ver com o tempo: o tempo cronológico, o “tempo-ritmo” e o “tempo-oportunidade”.

O tempo do relógio é inevitável, pois não há controle sobre ele, mas sabe-se que não há “tempo a perder” na tomada de decisão em relação a uma crise iminente.

Por outro lado, se estamos em uma posição favorável, seja econômica, midiática ou política, em relação ao que está causando a crise, é aconselhável aumentar o ritmo das ações em busca de uma solução mais rápida; caso estejamos vivendo o contrário, ou seja, em uma posição de fragilidade, devemos reduzir o ritmo das negociações até que se alcance uma condição mais favorável diante da crise.

Por fim, a noção da oportunidade: o momento em que o decisor resolve aplicar seu poder para resolver a crise. Essa é a principal noção de tempo para um estadista, por exemplo.

Ainda nesse sentido, imaginem quanto a falta de recursos afeta a questão do tempo e a forma de tomar decisões… É comum, a qualquer um de nós, até mesmo em nossa vida pessoal, em situações de escassez, não pensarmos nas questões mais distantes no tempo, pois as prioridades serão os problemas mais próximos. Tal ocorre, também, no mais alto nível de decisão: a prioridade acaba sendo decidir sobre aquilo que, mais próximo, está colocando em risco a governabilidade.

Portanto, o tempo, em uma crise, pode ser um aliado ou, ao contrário, um inimigo, dependendo do uso que se faz dele.

“Porque sempre por via irá direita
Quem do oportuno tempo se aproveita” (Luiz de Camões).

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