Cunha Couto

Gestor de Crises

Crises X Burocracia

CCBlog198

Em vista da pressão por uma solução rápida, como um gabinete de crise se desvencilha das amarras da burocracia presentes nas engrenagens da estrutura formal de toda instituição enquanto assessora as tomadas de decisão?

Três aspectos que merecem destaque

Em primeiro lugar, um gabinete de crise nunca deve se “autoconvocar”. A sua ativação para gerenciar uma crise precisa ser fruto de decisão no mais alto nível, seja ele o presidente do Executivo ou de uma empresa. Isso porque o presidente, ao convocar esse gabinete, abre-lhe um canal especial de comunicação e de articulação com as demais esferas e níveis que tratam da crise. Ou seja, de certo modo, um “curto-circuito” burocrático é criado para contornar os atrasos presentes nos procedimentos usuais.

Por outro lado, é claro que, na medida em que o gabinete conta com a participação de todos os órgãos e setores interessados em resolver a crise, criam-se caminhos alternativos para lidar com ela. E, não menos importante, por contar com funcionários/empregados graduados dos mais diversos setores que lidam com a crise, o gabinete mantém linhas informais capazes de cruzar todas as fronteiras da burocracia. Isso é o oposto do formato clássico dos organogramas, que refletem o que, nos países de língua inglesa, é denominado como “teoria da chaminé”: cada órgão só mantém contato com suas linhas verticais de comando e informação, o que vai de encontro aos esforços de articulação.

Um terceiro aspecto diz respeito ao fato de que as diversas origens profissionais dos integrantes do gabinete fazem com que não haja, de antemão, verdades acima de qualquer escrutínio. Não apenas a diversidade dos integrantes garante uma massa maior de informações retiradas dos órgãos de origem, mas o conhecimento disponível termina por ser filtrado por múltiplas experiências corporativas, mais livre de preconceitos.

Em suma, um bom gabinete de crise, com integrantes de várias origens, pode imprimir velocidade e inteligência ao gerenciamento e à governança da crise, tantas vezes reprimidas pelas regras da burocracia.

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