Cunha Couto

Gestor de Crises

A credibilidade da imagem nas crises

CCBlog_171

Antes, eram os pintores que reproduziam a natureza e as pessoas com fidelidade, arte e, por vezes, imaginação. Depois, a imagem tirada por uma máquina fotográfica era, aos nossos olhos, o retrato fiel de um acontecimento. Essa foto era tida como verdadeira.

Até que se passou a considerar o instante em que a foto fora tirada para se conhecer em que contexto essa ação se dera. Daí surgiram várias defesas com a expressão “fora de contexto”…

Hoje, com as novas tecnologias, as imagens podem ser alteradas, podem até mentir. Foi o caso de, com recursos de Inteligência Artificial, terem colocado, numa propaganda comercial, um grosso casaco de esquiador no Papa Francisco, que não nos parece ser adepto desse esporte.

Além das fotos, com vídeos se passa essa mesma “mágica”. Essas imagens, assim, deixaram de necessariamente refletir a realidade e, pior, são difundidas para um público enorme, quase instantaneamente, pelas redes sociais. Com a confiabilidade dessas imagens em xeque, todas elas são postas e postadas em clima de desconfiança porque as imagens não mais precisam se ater aos fatos.

Portanto, em uma gestão de crise, muitos gerenciamentos serão, agora, ganhos ou perdidos dependendo de como está sendo considerada essa nova “arena” das falsas e das verdadeiras imagens.

Um caso que melhor explica sobre o que estamos conversando nos vem da Adidas. Por 80 anos, ela foi a fornecedora das camisas da federação alemã de futebol. E não é que a tipografia do número 44 da camisa da seleção alemã foi considerada parecida com a da SS, símbolo nazista, e esse número acabou sendo banido da seleção, apesar de a Adidas negar qualquer intenção de evocar um símbolo nazista? A consequência foi que a Federação anunciou o fim da parceria, até histórica, com a Adidas e a trocará pela Nike a partir de 2027.

Aprendi muito sobre como lidar com as crises de imagem com os livros do jornalista Mário Rosa que, dentre muitos méritos, nos mostram que a imagem não é como nos vemos, mas é a que os outros vêem de nós.

Em situações de crise, hoje, está complicado lidar com as imagens, pois está cada vez mais difícil saber qual é a verdadeira.

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