Cunha Couto

Gestor de Crises

Oppenheimer

CCBlog 117

Recém-lançado no mundo todo, tem feito sucesso o filme que conta a saga do físico apontado como o pai da bomba atômica.

O filme foi inspirado em duas biografias (“Oppenheimer: O Triunfo” e “Tragédia do Prometeu Americano”) e, para que ficasse fácil de ser entendido, foi dividido em três histórias: a de Oppie (como era chamado) explorando a Física Quântica, o projeto Manhattan e a inquisição no pós-guerra, acusado de traidor.

Trata-se da descrição da trajetória de uma crise nuclear em que o futuro da humanidade esteve incerto.

Oppenheimer entrou com 18 anos em Harvard para formar-se em Química e foi nos cursos de pós-graduação na Inglaterra e na Alemanha que se tornou físico. Politizou-se na década de 30.

Dois meses antes de os Estados Unidos entrarem na Segunda Guerra Mundial, foi iniciado, em 9/10/1941, o projeto nuclear Manhattan, coordenado pelo Exército, que chamou Oppenheimer para liderá-lo.

Quase um mês após o primeiro teste de arma nuclear pelo Exército norte-americano, no deserto do Novo México, no dia 6 de agosto de 1945, o avião B-29, batizado de Enola Gay, lançou uma bomba atômica sobre a cidade de Hiroshima, no Japão. Chamada de “little boy”, a bomba explodiu a aproximadamente 600 metros do solo, causando uma onda de calor de mais de 4.000ºC em um raio de cerca de 4,5 km.

Cerca de 100 mil pessoas morreram no dia da explosão e mais da metade dos sobreviventes morreu por exposição à radiação.

Após a Segunda Guerra, o avião ainda foi usado em testes com armas atômicas no Atol de Bikini até que, em 1960, foi para o estado da Virgínia. Hoje, a aeronave está em exposição no Air & Space Museum.

Judeu, progressista, Julius Robert Oppenheimer carregou consigo a culpa por ter criado a bomba A, uma arma de destruição em massa, e passou para o lado dos favoráveis aos controles de sua proliferação. Deixou a Comissão de Energia Atômica em 1952, alegando que se havia desvirtuado o propósito pacífico de uso da energia nuclear com o início do desenvolvimento da bomba de hidrogênio.

Lamentou que o uso da energia nuclear, como ferramenta de paz ao gerar energia para os países, não tivesse sido assim compreendida.

Quando percebeu o alcance do risco de sua contribuição científica para a civilização humana com sua bomba e o incremento de busca por novas armas por muitos países após a II Guerra Mundial, alertou, em 1948: “That with nations committed to atomic armament, weapons even more terrifying, and perhaps vastly more terrifying, than those already delivered would be developed.”

Efetivamente, como Oppie previra, um pouco depois, em 1949, a União Soviética realizou, com sucesso, seu primeiro teste com uma bomba atômica, dando início à “Deterrence nuclear” (dissuasão nuclear).

Como curiosidade, acredito que poucos brasileiros sabem que Oppenheimer visitou, no Brasil, o Instituto de Pesquisas da Marinha, quando este foi criado.

Em 1967, Oppenheimer faleceu de câncer na garganta, devido ao tabagismo.

O mais incrível de toda essa crise é que Oppenheimer continua ainda hoje entre nós, como nas ameaças de uso pela Rússia de armas nucleares, mesmo táticas, no atual conflito na Ucrânia.

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