Sempre que surgem novas tecnologias, duas perguntas permeiam o noticiário:
- Como podem deflagrar crises, em função de seus riscos inerentes?
- Como nos beneficiarmos delas para solução de crises?
Exemplo clássico é o da tecnologia nuclear: ela nos traz à memória seu uso na destruição de Hiroshima e Nagazaki, mas, por outro lado, a utilizamos no fornecimento de energia e no diagnóstico e no tratamento de câncer.
Como foi uma tecnologia desenvolvida por governos, eles mesmos, diante da tragédia havida, resolveram criar controles coletivos para refrear a proliferação.
Já no caso da Inteligência Artificial (IA), ela foi criada por empresas privadas, competitivas e avessas a regulações e, diferentemente da nuclear, com aplicação em todos os campos.
Em ambos os casos, a tecnologia pode ser arma ou ferramenta. Por isso, a necessidade de se ter uma regulação de forma a se ter as mesmas regras para todos os países e empresas. É um desafio universal!
Como estamos cada vez mais dependentes da tecnologia, isso aumenta a exposição a crises quando algo dá errado. Vejamos alguns riscos e impactos que já se deslumbram com a IA.
Como toda tecnologia com poder de transformar o mundo, a IA pode ser tão perigosa quanto útil à humanidade.
Ao ser usada como ferramenta de desinformação e com poder de divulgar grande volume de informação em curto espaço de tempo, a IA (que não identifica falso ou verdadeiro) gera “ruídos” nas crises, que têm na comunicação boa parcela de suas soluções. É o caso de crises em processos eleitorais ou decorrentes de manipulação de dados e de algoritmos para influenciar opiniões e comportamentos de pessoas.
Está também nesse contexto o uso da IA para gerar imagens falsas como nova arma, especialmente contra mulheres, dos agressores virtuais.
Já há muitas discussões sobre os riscos para empregos, uma vez que a IA automatiza tarefas humanas em tempo muito menor. Essas crises trabalhistas poderão servir de gatilho para crises econômicas e sociais, mesmo com a criação de novos empregos que se valem da IA.
Portanto, a IA impactará todas as áreas e profissões, o que exigirá preparo para enfrentar o futuro dos empregos, porque os novos postos de trabalho criados pela IA exigem qualificação, o que poderá criar um abismo ainda maior para os trabalhadores.
Especial atenção vem sendo dada aos impactos da inteligência artificial na Educação, com o risco de os alunos confiarem excessivamente na IA e negligenciarem o desenvolvimento do pensamento próprio e crítico. Da mesma forma, os professores terão que saber lidar com a IA e ver nela oportunidades de melhoria no ensino.
Muito importante, a adoção desigual da IA aprofundará ainda mais a divisão entre ricos e pobres, agravando a desigualdade social e acentuando as tensões sociais. Como tornar igualitário o acesso à IA numa sociedade que já é desigual?
E o que dizer do risco advindo da coleta em massa de dados e o compartilhamento de informações que podem levar a violações de privacidades?
Outro aspecto sobre a IA é o risco de Chatbots (ChatGPT; Claude 2; Bard etc) inventarem respostas que não são reais ou que as busque em dados eivados de viés político, preconceituoso ou ideológico.
Crises abrem oportunidades
Mas não há só visões negativas pela utilização da IA. Vejamos algumas oportunidades de seu bom uso.
Pela capacidade da IA de análise de dados e metadados, seu emprego vem-se tornando mandatório para planificar a Economia e evitar crises pelos governos.
Além da automação residencial baseada em IA, vem crescendo o uso de robôs movidos por IA em ambientes perigosos ou em países em crise de mão de obra.
Com participação da IA, veículos autônomos e sistemas avançados de gerenciamento de tráfego têm trazido melhorias para o transporte. O mesmo ocorre para a área de logística, com entregas inteligentes e armazenamento otimizado.
Em especial, a IA tem se destacado na Saúde, dando maior precisão em laboratórios, diagnósticos médicos, análise de imagens médicas etc.
Portanto, a IA nos acena com inúmeros avanços, mas seus riscos não são desprezíveis.
Vale ter-se uma citação sobre a dificuldade de regular a IA, pois envolve coalizões de governos e de empresas.
A evolução da IA tem sido tão rápida que os governos não têm conseguido acompanhá-las para estabelecer os parâmetros e diretrizes que se fazem necessários visando o bem de todos. Os governos conseguirão ter controle sobre a IA? Haverá mecanismos de regulamentação, com aspectos éticos, para garantir que a IA seja utilizada em benefício de toda a sociedade?
Pela importância e pela urgência, algumas regulações começam a surgir, como a Lei de Inteligência Artificial europeia (EU AI Act), de junho de 2023 e um projeto de lei em nosso Senado, que é um marco regulatório com cinco eixos: princípios, direitos dos afetados, classificação de riscos, obrigações e requisitos de governança.
Enfim, a IA é inevitável e nos caberá definir como obter o que há de melhor e como evitar o que há de pior em seu emprego.
CONVITE: Se você se interessou por este tema, visite o meu canal no YouTube (http://youtube.com/@cunhacouto/streams ) e assista à live que fiz com dois especialistas sêniores em Tecnologia da Informação e que se valem de IA em seus trabalhos: Gustavo Faria e Bruno Rocha.