Cunha Couto

Gestor de Crises

O que é crise?

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Rara será a primeira página de um jornal cujos textos não contenham a palavra crise, entendida como “episódio desgastante, complicado, situação de tensão, disputa, conflito”.

O termo é uma verdadeira “palavra-camaleão”, assumindo os mais diversos significados a depender do adjetivo ou outro termo que a qualifique. Por exemplo, crise cardíaca, crise ambiental, crise política, crise econômica, crise médica, crise de apendicite, crise de nervos etc.

Em suma, a imagem de uma corda esgarçada e por romper-se parece bem representar os quase sempre sentidos pejorativos do termo.

No entanto, a origem grega da palavra (krinein) possui um sentido preciso na medicina clássica. Trata-se de “decidir” ou, mais apropriadamente, “a capacidade de bem julgar”.

Segundo Hipócrates (460 a.C. – 375 a.C.), por muitos visto como o pai da medicina ocidental, o corpo humano se compõe de quatro substâncias, ditos humores – sangue, biles amarelas, biles negras e fleuma. Tais substâncias devem manter um perfeito equilíbrio entre si. Quando é rompido tal equilíbrio, surge a doença, tanto do corpo quanto do espírito.

Os quatro humores da medicina hipocrática não mais são usados como instrumento de diagnóstico. Contudo, analistas políticos, jornalistas e profissionais afins ainda utilizam expressões como “fleumático”, “sanguíneo”, “colérico” e “melancólico”, originadas dos humores de Hipócrates.

Em suma, até hoje o conceito de gerenciamento de crise ainda reflete a ideia de “capacidade de bem julgar”, dos tempos de Hipócrates, apesar de poucas informações disponíveis.   

Capacidade de bem decidir

Segundo uma publicação acadêmica – o “Journal of Contingencies and Crisis Management”, da editora inglesa Blackwell, existiriam dezenove tipos de eventos objetos de “gerenciamento de crise”.

Obviamente, cada crise é única, mesmo as que se repetem, e um bom “gerenciamento” é aquele capaz de lidar com fenômenos tão distintos como “terrorismo”, “desastres ambientais”, “recessão econômica” ou “pandemias”.

No entanto, existirá um “olhar comum” na análise de todos os tipos de crise – uma busca da capacidade de bem decidir, levando em conta todos os fatores em jogo.

Portanto, diante de uma crise, lembrem-se do termo krinein e que o objetivo é, prevenindo ou gerenciando, desarmar a crise.

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