Foram tantas as crises vividas em 2022 que parecia que o ano não terminaria.
Contudo, sem querer ser pessimista, 2023 já nos evidencia outras mais.
The Economist, no artigo “The World Ahead 2023”, nos dá algumas dicas onde os conflitos permanecerão ou surgirão.
O debate sobre estarmos vivenciando uma nova guerra fria permanecerá, e parece que já se está transcorrendo na Ásia.
Com raízes que remontam à 2ª Guerra Mundial, continuará a competição entre Estados Unidos e, agora, China, superpotências.
Claro que Taiwan e o Mar do Sul da China aparecem como altas tensões, pois retomar Taiwan e ter o domínio do mar em seu ‘quintal marítimo” são objetivos sagrados para a China. Conforme cresce o poder chinês, cresce sua belicosidade em relação a Taiwan, ilha que o presidente norte-americano Joe Biden declara defender, caso seja atacada.
O Japão criticará cada vez mais a presença chinesa nas águas ao seu redor e nas disputadas Ilhas Senkaku e, em oposição a isso, já anunciou um grande plano de cinco anos de rearmamento de suas forças, em oposição à sua Constituição imposta pelos EUA (Forças apenas defensivas).
Todo esse quadro não pode deixar de considerar a competição entre Estados Unidos e China pela supremacia mundial.
Nesse contexto, The Economist cita que alguns países europeus e asiáticos estão interessados em dialogar com os americanos, uma vez que a guerra na Ucrânia está reformulando alianças globais.
Sobre Ucrânia-Rússia, são apresentados três cenários para os desdobramentos dessa guerra:
Cenário 1: Rússia sai vitoriosa, valendo-se dos meses de inverno;
Cenário 2 (mais provável): Estagnação. A Rússia não consegue uma força de combate eficaz, mas o avanço ucraniano tem seu ritmo diminuído.
Cenário 3 (mais perigoso): A Ucrânia avança e ameaça ocupar a Crimeia; a Rússia sinaliza retaliar com armas nucleares táticas.
Em 2023, como não prestar atenção também à Coreia do Norte, onde Kim Jong-un ameaça com ataque nuclear preventivo, caso se sinta ameaçado? Nesse sentido, já anunciou que fará explodir o sétimo artefato nuclear neste Ano Novo. O primeiro foi em 2017.
E o que dizer das sérias consequências da superpopulação na Índia, que superará a da China em 2023?
E ainda há a previsão de que o conflito generalizado entre os muitos grupos étnicos em Mianmar seguirá, colocando em risco se transformar em novo palco de competição entre grandes potências.
Uma outra fonte de alertas encontramos no boletim elaborado pelos pesquisadores do Núcleo de Avaliação da Conjuntura, da Escola de Guerra Naval:
- AFEGANISTÃO – Crise estrutural;
- ARMÊNIA E AZERBAIJÃO – Conflito em Nagorno-Karabakh;
- BELARUS – Tensão regional;
- BURKINA FASO – Instabilidade sociopolítica;
- HAITI – Crise estrutural e instabilidade política;
- IÊMEN – Crise humanitária;
- LÍBANO – Crise estrutural;
- MALI – Conflitos internos e tensões regionais;
- MIANMAR – Golpe militar;
- MOÇAMBIQUE – Conflito entre governo e forças insurgentes;
- REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO – Conflitos internos;
- RÚSSIA E UCRÂNIA – Conflito militar;
- SÍRIA – Insegurança regional.
Vemos, portanto, que países da África e do Oriente Médio não ficam de fora dos altos riscos.
No todo, esses pontos de calor são situações que têm graves consequências pelo potencial de grande quantidade de vítimas, impacto na economia global e probabilidade alta de escalada de tensões.
Diante disso tudo, cabe-nos refletir sobre a relevância para o Brasil dessas crises que só geograficamente estão distantes de nós.
Como em toda crise envolvendo atores internacionais, ou ampliamos a moldura geográfica de nosso pensar ou não entenderemos o mundo que nos cerca.
